segunda-feira, 18 de abril de 2011

VALE A PENA SER ÁRBITRO NO ESP. SANTO?

VALE A PENA SER ÁRBITRO NO ESP. SANTO?


Boa noite a todos,



embora eu tenha consciência que realmente sou "chato", como técnico, afinal de contas reclamo e pondero muito com nossa arbitragem e tenho percebido que alguns não gostam, ou pelo menos olham meio atravessado, quando percebem que o "chato" estará ali. Mesmo assim venho nessa postagem defendê-los.

Sei muito bem que a vida de árbitro não é fácil, pois já estive lá várias e várias vezes, portanto sou conhecedor dos dois lados da moeda. Por isso me sinto a vontade em tecer críticas ou elogiar quando merecem.

Sei que em nosso estado não acontece competições, ou ainda, treinamento para os mesmos tal qual em outros estados, por isso a inesperiência. Sei ainda, que as pessoas que organizam os eventos, não estão nenhum pouco interessada em trazer um número maior de árbitro para os eventos, pois isso gera gastos e assim menos lucro no final. Levando um número certo de árbitro, paga-se menos e menas refeições também. Porém se esquece que aquele árbitro ficará ali sentado a manhã toda, sairá para comer algo, voltará logo, pois as lutas não podem parar, afinal de contas, terão que terminar logo o evento. Ficará tambem a tarde toda trabalhando, muitas vezes com sede, pois não foi uma nem dez vezes que tive que levar água para minhas alunas que atuam na arbitragem, pois estavam com sede. Caso queiram ir ao banheiro, é outra luta, quem ficará no lugar delas, ou deles. Tenho duas alunas que geralmente atuam como árbitras, na verdade tenho pena delas. A Cristina, abriu os olhos e me pediu para não atuar mais como árbitra, pois como realmente estou precisando de mais técnicos na equipe, então concordei que largasse. Mas será que tenho o direito de pedir a elas que continuem se "sacrificando" em pról do TKD, ou ainda, do bolso de alguns.

Pois bem meus caros amigos, fica fácil para mim como técnico esbravejar, reclamar, ou ainda exigir que o árbitro tenha mais atenção quando estiver atuando na função. Mas convenhamos, vai ficar lá o dia todo em pé, luta após luta, e ainda conseguir se concentrar e ser preciso nas tomadas de decisões. Realmente, humanamente impossível.

COMO DEVERIA PENSAR UM ÁRBITRO

Agora iremos para um evento em São Gabriel da Palha. Tal evento começa as 09:30 h, caso eu queira chegar no horário, terei que sair de Vila Velha, às 04:00 h da manhã, portanto acordar em torno das 03:00 h. Minha noite de sono, não existiu, caso durma no ônibus, não conseguirei descansar direito, então como atuar direito? Minha arbitragem certamente será falha. Ou ainda tenho a escolha de ir no sábado, mas aí vem a pergunta. Quem pagará minha hospedagem? Lá também terei que jantar, isso sairá de meu bolso? ou a organização acha que posso dormir no alojamento, dentro do ginásio, ou ainda na praça. Será que eles acham que não sentirei fome? Agora a pergunta que mais dói, qual o valor que eles me dão, como pessoa?

No final me dão R$ 60,00 para custear isso tudo: PASSAGEM, HOTEL, JANTAR E GASTOS PESSOAIS e ainda, todos saem reclamando da arbitragem, até mesmo os organizadores quando seus atletas perdem. No final disso tudo, dependendo do número de atletas, deverei sair de lá aproximadamente as 18h, como foi dá última vez. Portanto só chegarei em Vila Velha, após as 23h. Outra pergunta: Será que vale apena perder meu sono de sábado, o dia todo de domingo trabalhando, sair de lá exausto e ainda encarar uma viagem de 5h para retornar a minha casa, por AMOR ao esporte? Sendo que no final, sairá mais dinheiro do meu bolso (no mínimo R$ 80,00), do que a quantia que entrará (R$ 60,00). Será que as cabeças pensantes "organizadores", no final também sairão perdendo dinheiro? ou eu vou lá trabalhar de graça para eles saírem ganhando bem? Por que eles também não trabalham pelo amor ao esporte, e dividem melhor o ganho deles com quem realmente trabalha no evento?



Na competição, de sangue quente, reclamo, esbravejo, grito. Mas tenho que concordar que os árbitros não são os verdadeiros culpados.

Nos estados da região sudeste (fora o Esp. Santo é claro), a arbitragem funciona mais ou menos da mesma forma. O árbitro é convocado, sai um ônibus da capital, ou geralmente van, que levará os árbitros até o município aonde acontecerá o evento, uma vez lá, terá um hotel para se acomodarem, ou ainda podem sair no mesmo dia do evento, caso a distância permita. O jantar é num restaurante BOM. Findando o evento, o árbitro sairá livre para ele de R$ 80,00 a R$ 100,00 variando o valor de um estado para outro.



Realmente tenho pena da arbitragem, mas também, não posso culpar os organizadores, pois eles estão vendo o lado deles. Qual a culpa deles, se conseguem mão de obra barata, e serviente? Não quero motivar um motim, mas enquanto vocês fizerem o que eles mandam e não impuserem seus direitos e desejos, ficará fácil para eles continuar, o que na minha opinião, é um abuso. Mas como diz a máxima, CADA UM TEM O QUE MERECE.

No mais, uma boa arbitragem em São Grabriel, e provavelmente estarei lá para pertubá-los. Não fiquem chateado comigo, estou apenas vendo e lutando pelos direitos de meus alunos que estão ali. Acredito que vocês também deveriam fazer o mesmo. Não aceitem o que lhes é imposto. Pelo menos assim, terei mais motivo para reclamar, rsrs.


Um forte abraço e fiquem na Paz.



Ms. Ruy da Cunha Freitas
 
Fonte: www.mestreruy.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE SUA MENSAGEM.